Muito embora seja um aficionado pelo mundo da ciência e suas explicações críveis, por vezes gosto de me utilizar da filosofia para começar um debate. Costumo fazer aos meus amigos um clássico questionamento que sempre me entristece. Pergunto: - Vocês já pararam para pensar como a vida é curta? Na maioria das vezes essa frase vem seguida de um olhar meio vazio. Em questão de segundos risos se misturam com outros sentimentos diversos, prontos para o desenrolar de um paradoxo.
- Lá vem ele com aquele papinho. - dizem.
Essa reação é comum, e eu gosto dela, pois marca o ponto exato da transformação do assunto em pauta. Apesar das diferentes reações, é quase "uníssono" o silêncio que procede a minha seguinte observação:
- Uma pessoa vive em média sessenta (60) anos de idade, ou vinte e dois mil dias (22.000). Transformem todos esses vinte e dois mil dias em riscos na parede de sua sala. Vá lá pode traçar os riscos, para cada dia um risco. Podem parecer uma infinidade de dias, mas se não for, ao menos é um bocado de riscos. Agora começamos a ver esse conjunto de rabiscos de um ângulo diferente. Em um simples exemplo, se você está lendo isso é porquê é alfabetizado. O processo de alfabetização de uma criança (em tese) começa aos 7 anos de idade. Então você que lê esse texto já vivestes no mínimo 2.555 dias. Assim riscamos um traço em diagonal sobre esses 2.555 dias (riscos), bem como os presos fazem na penitenciária, como normalmente é visto nos filmes.
É amigo, acabamos de subtrair mais de 10% da nossa estimativa de tempo de vida. Não foram dias perdidos, porquê os vivemos é claro, mas estou analisando sobre uma perspectiva puramente matemática. Nada que não possa ser checado com uma simples calculadora.
Agora vamos ampliar a abrangência dos cálculos, demonstrar o nosso "tempo" de vida de uma forma mais simplificada. Como qualquer outra pessoa você dorme. Um sono considerado ideal teria a carga horária de 8 horas. Ou seja, um terço do dia que contém 24 horas. Resumindo um terço de nossa vida nós passamos dormindo. Dessa forma teríamos um aproveitamento de 66,66 % da nossa vida. Nos restariam somente cerca de 14.600 dias. Desse restante se subtrairmos os primeiros 5 anos de idade 1.800 dias, os quais dificilmente recordamos e não contamos em nossa memória de vida. Então teríamos 12.800 dias aproveitáveis.
Agora supomos que desde os 16 anos de idade você trabalhe 8 horas por dia, durante 5 dias por semana, e que seu trabalho não lhe proporcione nenhum tipo de lazer. Assim durante seu trabalho teríamos um período em que você não desfrute da vida, não vive. Em um ano nós trabalharíamos em 71% dos dias, em 44 anos nos daria um total de 3.800 dias, aproximadamente. Passamos então a descontar o somatório de dias, que seriam trabalhados nesse período, dos 12.800 dias que restavam. Simples, 12.800 dias menos 3.800 dias = 9.000 dias.
Uou! Aquela parede cheia de traços únicos foi reduzida significativamente, já não nos parece mais ser infinita.
Acabamos de perceber que só temos "9.000 dias de vida". E você ainda tá aí lendo isso em vez de aproveitar a vida?