Na minha rotina diária de leitura dos principais noticiários impressos e demais virtuais, me deparei com duas notícias muito interessantes. A primeira fazia referência a uma maratonista americana Diana Van
Deren, que perdeu parte do cérebro em função de uma cirurgia para
curá-la de uma epilepsia. A perda de parte do cérebro fez com que essa
americana de 52 anos tivesse seu lobo temporal direito afetado, a submetendo a uma vida com uma memória recente restrita. Dessa forma a americana se esquece de fatos
recentes, de coisas que acabaram de acontecer, ou que continuam
acontecendo ao longo de algo que ela execute continuadamente. Em razão dessa anomalia física a atleta se "beneficia" dessa condição para percorrer
grandes distâncias sem que o cansaço e a fadiga muscular a interrompam.
De um ser humano com uma doença muito grave, Diana passou a ser denominada como um
"super ser humano", com condicionamento físico invejável. Mais um caso de superação e motivação que comoveu toda a sociedade, mostrando o quão importante o esporte é em nossas vidas.
Diana
Dentre mais notícias espetaculares, outra relacionada ao mundo dos esportes me chamou a atenção. Um escocês chamado Stuart Gunn se tornou o deficiente físico, motociclista mais rápido do mundo, atingindo a velocidade de 268 km por hora, o detalhe é que ele é cego. Achei aquela informação impressionante, um acontecimento novo, inacreditável, revolucionário. Com um pouco mais de pesquisa descobri que o recorde anterior também pertencia a um deficiente visual, um homem cego. O recorde de velocidade de um deficiente físico em um automóvel também pertence há um homem cego. Assim sendo constatei que os cegos são quase que imbatíveis nesse tipo de recorde destinado a deficientes físicos. Aquele meu espanto inicial já não era tão grande, percebi que era comum esse tipo de recorde para um indivíduo cego. Esse fato provavelmente está ligado ao fato da sensação de medo que pode ser facilmente alcançada ao ver a velocidade que estamos atingindo, não influencie na ação do motorista. No caso de um deficiente visual, cego, a não visão da velocidade atingida não freia sua coragem, ao contrário, permite que ele aumente a velocidade do veículo que conduz, sem a noção do quão elevada ela está.
No entanto o mais extraordinário que a chamada daquela notícia, e o que me levou a escrever esse texto não fora essa manchete, mas o restante dela. Nela o responsável pela matéria nos traz uma explicação sucinta de o porquê ele não ter quebrado esse recorde anteriormente. O Escocês fora vítima de um assalto à sua residência. Na ocasião ele fora agredido e teve o seu rosto cortado. Enquanto lia o texto, tomado por um sentimento de indignação e revolta acabei exclamando aquele clássico "Ponte que partiu!". Não era possível, aliás foi possível. E o questionamento que instantaneamente me surgiu era: - em que mundo estamos? Que tipo de homem assaltaria um cego? E mais, porque esse homem ainda usaria da violência contra alguém que nem pode se defender?
Não encontrei uma resposta racional. Até porque a violência na maior parte das vezes é irracional, e uma atitude tão repugnante quanto essa teria uma justificativa ou explicação mais inacreditável que a manchete que me levara até essa informação. Esse foi só mais um dos exemplos recentes da barbárie que o homem é capaz, não da grande parcela da população mundial que deseja a paz, mas daquela pequena parcela que deseja a violência, e de quem somos reféns.
Notícias como essas beiram o inacreditável, testam a nossa crença em uma força superior, acabam conflitando com o que chamamos de realidade. Estamos atingindo um ponto irreversível de criminalidade e irracionalidade ao redor do mundo, o qual temo não podermos mais evitar.
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